Ofélia e a eternidade Afinal, o destino nos separou. Único culpado dessa pequena morte: o tempo, esse animal que defeca memórias. [...] O fazedor re luzes - Mas eu filha, eu existo mas não sei onde. Nessa bruma que fica lá, depois do estrangeiro, nessa bruma é que você me vai encontrar a mim, exato e autêntico. Lá fica minha residência, lá eu sou grande, lá sou senhor, até posso nascer-me as vezes que quiser. Eu não tenho um aqui. (p. 30) [...] Agora, deitada de novo nas traseiras da casa, eu volto a olhar essa estrela onde meu pai habita. Lá onde ele se inventa de estar com sua amada. Em meus olhos deixo aguar uma tristeza. A lágrima transgride a ordem paterna. Nesse desfoco, a estrela se converte em branco e o céu se desdobra em mar. Me chega a voz de meu pai me ordenando que seque os olhos. Tarde de mais. Já a água é toda as águas e eu me vou deitando na capulana onde as primeiras mãos em seguraram a existência. (p. 33) O último ponto cardeal [...] Mas o home...