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Mostrando postagens de janeiro, 2020

3.3 Conclusão - O dilema do porco espinho - como encarar a solidão (Leandro Carnal)

CONCLUSÃO - Solitários do mundo, afastai-vos [...] "Cultivo da solidão é o cultivo do Outro que nos habita". (Carnal citando Cristian Dunker) [...] Apenas na solidão tornada solitude eu consigo um período de mínimo distanciamento para redescobrir quem eu sou e, acima de tudo, quem eu não sou. [...] Atuo e existo em grupo, sou lobo de uma pequena ou gigantesca matilha. A solidão é o lugar privilegiado para distinguir as vozes do mundo, incluindo as que me definiram e eu incorporei. Acalmar a gritaria não é porque eu seja neurastênico ou nervoso, não porque os outros são falsos e eu verdadeiro. Isolar-se nunca é para descobrir  alguma essência mágica no fundo da minha consciência, mas porque que eu preciso me ouvir e ouvir minha contradição. Precisa emergir o outro. [...] Ordeno-me  e me acalmo percebendo meu caos interior. [...] Isolar-se é perceber coisas que o cotidiano e a multidão não permitem. Isolar-se é ouvir a si e ao outro em si. [...] Entre o isolame...

3.2 O dilema do porco espinho - como encarar a solidão (Leandro Carnal)

CAPÍTULO 6 - As solitárias [...] Uma vida apaixonada é uma existência ensandecida, impossível. [...]  [...] Se dedicação e entrega viram exigência e obrigação, podemos estar acompanhados, mas nossa condição é de solidão profunda. [...]  [...] Aliás, se falarmos em filhos: há quem os tenha apenas para assegurar-se  de que não estará sozinho, de que assegura plateia para si... ledo engano. [...] Estar sozinho e bem requer maturidade e equilíbrio. Desequilibrados, inseguros e aqueles com vazios impreenchíveis na alma tremem diante da possibilidade de estar sem alguém do lado.  [...] A humanidade é formada de porcos-espinhos de corpos e de almas, de frios e de agulhas sempre dizendo venham/saiam, aproximem-se/vão embora sístole/diástole pendular de tudo que somos e nos cerca, de tudo que tememos e amamos. A história do ser humano é a história da solidão registrada nas paredes das cavernas de Lascaux ou nas redes sociais.

3.1 O dilema do porco espinho - como encarar a solidão (Leandro Carnal)

CAPÍTULO 4 -  O Deus da solidão [...] Nosso cérebro é sugestionável, e isso é explorado das mais diversas formas por tentações mais contemporâneas.  Publicações intercalam anúncios a matérias de seu interesse. Por vezes fundem jornalismo e publicidade. Folheando (alguém ainda faz isso?) uma revista ou jornal, o leitor se depara com uma propaganda de certo alimento. Com fome, seu cérebro pode acionar o desejo por consumir o que se anuncia. Mesmo sem fome, isso funciona. Mesmo as matérias que não trazem publicidade, mas que criam diálogos que se autoreforçam, podem criar uma sugestão na mente do leitor incauto. Em publicações com linhas editoriais claras,  de tanto lermos que um evento é benéfico,  tendemos a concordar se já estamos predispostos a isso. Na linha oposta, leitores com outras predisposições encontram outras formas de reforço em outros veículos de mídia. O mesmo para programas de TV, internet e redes sociais.  Estas últimas, na verdade, tem seu int...

3. O dilema do porco espinho - como encarar a solidão (Leandro Carnal)

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INTRODUÇÃO - Para começar Se considerarmos que um amor correspondido seria o perfeito oposto da solidão, entenderemos que quase toda a arte e literatura gira entre os dois polos: estar só ou estar acompanhado. Fugir ou buscar o isolamento, encontrar ou perder o amor é o eixo definidor da própria cultura humana. O poeta Rainer Maria Rilke, definiu que o amor era apenas duas solidões protegendo-se uma à outra. Quase podermos ver a ligeira ironia contida na afirmação: amor é solidão compartilhada. É um sentimento amplo, poderoso e fundamental. Uma criança cria amigos imaginários para viver suas fantasias. Dizem que é saudável. Que seres seríamos capazes de inventar para não reconhecer nossa solidão? (p. 13-14) CAPÍTULO 2 - A solidão entre milhões: redes e mundo virtual [...] Talvez não seja a solidão que nos cause horror, mas a falta de controle sobre estar só ou acompanhado. [...] Nenhuma escrita sobre a solidão poderá ignorar o celular, a muleta suprema que criamos para ter ...