6.2 Documentação Pedagógica (Sueli A. Mello, Maria Carmem S. Barbosa, Ana Lúcia G. de Faria)
ESCUTAR PARA DOCUMENTAR
David Altimir
Acreditar em uma imagem de menino ou de menina capaz, protagonista de suas aprendizagens, demanda, isto é, exige criar contextos onde sejam possíveis espaços )
Acreditar em uma imagem de menino ou de menina capaz, protagonista de suas aprendizagens, demanda, isto é, exige criar contextos onde sejam possíveis espaços de observação para compreender como os pequenos constroem conhecimentos. [...] (p. 57)
Imagem da criança e da pedagogia da escuta
Poderíamos definir a escuta"" como a capacidade e a necessidade de escutar, de coletar, de organizar e de compreender o que a inteligência das crianças e dos adultos produzem no contexto da escola. [...] Uma atitude que é necessária adotar se se acredita em um modelo educacional que considera crianças, meninos e meninas, como portadores de cultura, como indivíduos capazes de criar e construir significados mediante processos sutis e complexos.
[...]"pedagogia da escuta". Esta visão da pedagogia considera que as crianças e os adultos têm que estar em relação com os demais para aprender, já que não é possível que a aprendizagem aconteça sem o diálogo entre as diferentes ideias dos pequenos em relação aos fenômenos, informações, acontecimentos... [...]
Assim, desde o princípio, os conceitos de "escuta e de "pedagogia da escuta", estão inevitavelmente ligados às palavras "atitude" e "coerência". [...] quando falamos de escutar como atitude, temos que compreender que esta precisa ser permanente. Definitivamente, escutar é parte de uma dinâmica que prevê outros aspectos, não apenas mais interessantes, mas essenciais para garantir toda a complexidade do processo que supõe trabalhar com as concepções que estamos expondo. (p. 57-58)
Poderíamos definir a escuta"" como a capacidade e a necessidade de escutar, de coletar, de organizar e de compreender o que a inteligência das crianças e dos adultos produzem no contexto da escola. [...] Uma atitude que é necessária adotar se se acredita em um modelo educacional que considera crianças, meninos e meninas, como portadores de cultura, como indivíduos capazes de criar e construir significados mediante processos sutis e complexos.
[...]"pedagogia da escuta". Esta visão da pedagogia considera que as crianças e os adultos têm que estar em relação com os demais para aprender, já que não é possível que a aprendizagem aconteça sem o diálogo entre as diferentes ideias dos pequenos em relação aos fenômenos, informações, acontecimentos... [...]
Assim, desde o princípio, os conceitos de "escuta e de "pedagogia da escuta", estão inevitavelmente ligados às palavras "atitude" e "coerência". [...] quando falamos de escutar como atitude, temos que compreender que esta precisa ser permanente. Definitivamente, escutar é parte de uma dinâmica que prevê outros aspectos, não apenas mais interessantes, mas essenciais para garantir toda a complexidade do processo que supõe trabalhar com as concepções que estamos expondo. (p. 57-58)
Observação
Observar não se limita à ação de tomar notas ou de fotografar, que é uma ação que coloca os adultos em relação com aquilo que está sendo trabalhado. [...] é evidente que o adulto tem que definir o que quer observar. Definindo os objetivos, se define o âmbito da observação. [...] (p. 60)
Documentação
A documentação é toda a coleção de imagens, histórias, desenhos, palavras, ideias e produções das crianças e adultos, surgidos a partir da vida da escola, que são organizados para poder dar uma mensagem a um leitor. [...]
Documentar é, portanto, uma oportunidade para dar visibilidade à imagem da criança, de adulto e de educação que se constrói em uma determinada realidade. [...] Não é um papel confortável e simples, mas coloca os adultos ao lado das crianças como reais co-protagonistas desta cena.
A criança
A primeira mensagem
[...] Por exemplo, uma criança que vê que há um adulto que toma nota do que ela diz, que fotografa o que ela faz, que pergunta: "o que aconteceu com você?" Ou ainda, "o que pensas disto?" Esta é a primeira mensagem, [...] a mais fundamental. Fundamental porque à própria imagem que as crianças constroem de si mesmos e da escola, deriva do olhar dos adultos que trabalham ali.
[...]para as crianças, a mensagem fundamental é que para aprender é necessário:
- Que aquilo que se faz tenha sentido.
- Sentir-se reconhecidas , respeitadas, compreendidas e ajudadas.
- Saber que confiam nela.
- Saber que têm direito a estar erradas.
- Ter uma boa imagem de si.
Saber que alguém dá importância ao que elas fazem. (p.61-62)
Oportunidade para voltar a ver-se
Organizar todo o conjunto de elementos exige que os adultos se comportem como se fossem uma espécie de detetives que recolhem todas as provas e indícios para compreender o que aconteceu. (p.63)
Metacognição
[...] Precisamos saber como tornar visíveis as mudanças na inteligência das crianças, precisamos ajudá-los a saber que aprenderam coisas novas. [...] (p.64)
Quando há um projeto ou uma investigação realizada por um pequeno grupo da turma, a documentação torna-se também uma oportunidade de "democratizar", por assim dizer, o resultado do trabalho. E se os outros me explicam o que têm aprendido, de alguma forma eu também aprendo. Ou melhor, não se trata apenas de explicar o que tem sido feito, mas de indagar como é que tem sido feito.[...] (p.65)
O valor da relação
[...] Os professores não devem viver sozinhos, isolados em suas salas, nem vê-las como territórios privados. Tem o direito também de ter medos, e essa forma de trabalho mais assentada na incerteza que na certeza, pode gerar novos e legítimos receios. Esses, no entanto, podem ser superados dentro de uma equipe de profissionais que trabalhem, que dialoguem e que façam um esforço para tomar decisões colegiadas. (p. 67)
Devemos respeitar o tempo de ação e de pensamento das crianças, assim como suas pausas e hesitações. Temos de ajudar as crianças a indicar claramente suas hipóteses, não as subordinando às de seus companheiros, sem medo de equivocar-se, para dar valor às suas próprias ideias. (p.68)
Treinar-se para fazer boas perguntas, inventar novas didáticas
O melhor treinamento para fazer boas perguntas é tentar fazer perguntas que não contenham as respostas. (p. 69)
Da unidade didática ao projeto
Em vez de unidade didática, propomos portanto, a pluralidade do projeto. [...] as estratégias e os procedimentos das crianças para construir o seu conhecimento são mais deste tipo, porque o seu "objetivo" primeiro é conhecer o mundo onde eles se encontram. [...]
Imagens, observações e notas de adultos, desenhos e palavras de crianças, leituras... são todos materiais, matérias-primas que ao serem lidos e interpretados se estruturam na forma de documentação e que depois são oferecidos para crianças e adultos, como testemunho do processo. (p.73)
Documentação contra a avaliação
[...] Pois organizar a avaliação apenas a partir dos objetivos que os adultos desenharam antes do início da proposta é um exercício parcial. [...] (p. 73)
Documentação como uma ferramenta de autoformação
[...] A escuta e a documentação permitem fazer esta leitura: ver a nós mesmos por meio de nossos próprios olhos e através dos olhos do outro. Este exercício é, de fato, oferecer de maneira continuada às crianças o que pensamos e isso vai torna-las mais conscientes de sua própria aprendizagem. (p. 74)
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