A insustentável leveza do ser (Milan Kundera)
Primeira parte: A leveza e o peso
Mas o que pode valer a vida, se o primeiro ensaio da vida já é a própria vida? É isso que faz com que a vida pareça sempre um esboço. No entanto, mesmo "esboço" não é a palavra certa, porque um esboço é sempre um projeto de alguma coisa, a preparação de um quadro, ao passo que o esboço que é a nossa vida não é esboço de nada, é um esboço sem quadro.
[...]
Tomas compreendeu então que as metáforas são perigosas. não se brinca com as metáforas. O amor pode nascer de uma metáfora.
[...] Mesmo nossa própria dor não é tão pesada como a dor co-sentida com outro, pelo outro, no lugar do outro, multiplicada pela imaginação, prolongada em centenas de ecos.
[...]
Em trabalhos práticos de física, qualquer aluno pode fazer experimentos para verificar a exatidão de uma hipótese científica. Mas, o homem, porque não tem senão uma vida, não tem nenhuma possibilidade de verificar a hipótese através de experimentos, de maneira que não saberá nunca se errou ou acertou ao obedecer a um sentimento. (p. 32)
Segunda parte: A alma e o corpo
[...] O acaso tem suas mágicas, a necessidade, não. Para que um amor seja inesquecível, é preciso que os acasos se juntem desde o primeiro instante, como os passarinhos sobre os ombros de São Francisco de Assis. (p. 45)
[...] O que diferencia aquele que estudou do autodidata não é a extensão dos conhecimentos, mas os diferentes graus de vitalidade e de confiança em si. (p. 49)
[...] O sonho é a prova de que imaginar, sonhar com aquilo que nunca aconteceu, é uma das mais profundas necessidades do homem. Eis aí a razão do pérfido perigo que se esconde no sonho. Se não fosse belo, o sonho poderia ser rapidamente esquecido. (p. 52)
[...]
Mas era justamente o fraco que deveria saber ser forte e partir, quando o forte é fraco demais para poder ofender o fraco. (p. 66)
Terceira parte: As palavras incompreendidas
Terceira parte: As palavras incompreendidas
[...] Compreendiam exatamente o sentido lógico das palavras que pronunciavam, mas sem ouvir o murmúrio do rio semântico que corriam entre essas palavras. (p. 77)
[...] Os extremos delimitam a fronteira para além da qual a vida termina, e a paixão pelo extremismo, tanto em arte como em política, é um desejo de morte disfarçado. (p. 82)
[...] Quando mais o homem cresce na sua escuridão interior, mais se encolhe em sua aparência física. (p. 82)
[...]
Para Sabina, viver dentro da verdade, não mentir nem para si nem para os outros, só seria possível se vivêssemos em público. Havendo uma única testemunha de nossos atos, adaptamo-nos de um jeito ou de outro aos olhos que nos observam, e nada mais do que fazemos é verdadeiro. (p. 97)
[...] Aquilo que dá sentido à nossa conduta sempre nos é totalmente desconhecido. (p. 105)
Quinta parte: A leveza do corpo
Aquilo que o "eu" tem de único se esconde exatamente naquilo que o ser humano tem de inimaginável. Só podemos imaginar aquilo que é idêntico em todos os seres humanos, aquilo que lhes é comum. o "eu" individual é aquilo que se distingue do geral, portanto aquilo que não se deixa adivinhar nem calcular antecipadamente, aquilo que se precisa ser desvelado, descoberto e conquistado junto ao outro.
Quinta parte: A leveza do corpo
Aquilo que o "eu" tem de único se esconde exatamente naquilo que o ser humano tem de inimaginável. Só podemos imaginar aquilo que é idêntico em todos os seres humanos, aquilo que lhes é comum. o "eu" individual é aquilo que se distingue do geral, portanto aquilo que não se deixa adivinhar nem calcular antecipadamente, aquilo que se precisa ser desvelado, descoberto e conquistado junto ao outro.
Sexta parte: A grande marcha
[...] Quando o pólo norte se aproximar do pólo sul a ponto de tocá-lo, o planeta desaparecerá e o homem ficará num vazio que o atordoará e o fará ceder à sedução da queda. (p.204)
[...] Quando o coração fala, não é conveniente que a razão faça objeções. (p. 209)
Sétima parte: O sorriso de Karênin
Sétima parte: O sorriso de Karênin
[...] Nunca se poderá determinar com certeza total em que medida nosso relacionamento com o outro é resultado de nossos sentimentos, de nosso amor, de nosso desamor, de nossa complacência, ou de nosso ódio, e em que medida ele é determinado de saída pelas relações de força entre os indivíduos. (p. 239)
[...] Se somos incapazes de amar, talvez seja porque desejamos ser amados, quer dizer, queremos alguma coisa do outro (o amor), em vez de chegar a ele sem reinvindicações, desejando apenas sua simples presença. (p. 246)
[...] O tempo humano não gira em círculos, mas avança em linha reta. Por isso o homem não pode ser feliz, pois a felicidade é o desejo da repetição. (p. 247)
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