8.2 MINI-HISTÓRIAS (Rapsódias da vida cotidiana nas escolas do Observatório da Cultura Infantil - OBECI
As mini-histórias como instrumento de comunicação família e escola
Danielle Klein Bressler
Gilneia Alencastro Cavalheiro
Juliana Gallina
Paulo Fochi
Rafalela Flores
[...] as mini-histórias têm se transformado em uma das formas de comunicar sobre a trajetória da criança dentro das instituições.
As mini histórias são fruto do olhar apurado do professor em relação ao que as crianças estão fazendo, tornando especiais momentos que antes poderiam passar despercebidos e que são resgatados graças a uma concepção de aprendizagem, de criança e de currículo que acolhe as múltiplas experiências dos meninos e das meninas.
[...] No momento em que o professor documenta os processos de aprendizagem da criança e compartilha com a comunidade que faz parte dela, de modo democrático, sem assumir a postura de detentor inquestionável de uma verdade acerca dessa criança, abre o espaço para uma aprendizagem solidária. Aprendizagem que também esse adulto fará sobre essa criança, ouvindo outros pontos de vista divergentes ou complementares, mas possibilitando que a complexidade do ser humano esteja melhor acolhida nos modos como comunicamos o cotidiano pedagógico.
O papel das mini-histórias na relação entre família e escola
[...] a partir do uso da mini-história como um dos meios de comunicação nas nossas escolas, alavancou-se um processo de educação para o respeito e reconhecimento da cultura infantil.
[...] Essas comunicações têm poder de ampliar o campo de visão das famílias ao fazer com que percebam a importância da vida em comunidade. Os pais podem visualizar que o processo de aprender do seu filho está intrinsecamente atrelado às relações que acontecem dentro do grupo de que ele participa. [...] A perspectiva da coletividade ganha força e os movimentos do grupo, a importância do outro, os ritmos e o senso de comunidade ganham espaço no olhar das famílias.
As mini-histórias a serviço da reflexão para a avaliação na Educação Infantil
As pedagogias tradicionais têm uma marca no modo como acompanham as aprendizagens das crianças e de como comunicam às famílias. No caso da Educação Infantil, o uso de pareceres descritivos semestrais como principal instrumento de acompanhamento e compartilhamentos sobre a criança são uma marca forte deste diálogo. Em muitas escolas, esse modelo de registro semestral costuma ser a forma privilegiada de avaliação, transformando-se no único momento em que o professor escreve sobre a criança e a única comunicação formal enviada às famílias. Geralmente, são relatos empobrecidos quantos às aprendizagens dos meninos e das meninas, descrevendo sobre o quão próximo ou o quão longe as crianças estão de marcos predefinidos ou quais aprendizagens ainda não desenvolveram. Esses marcos são construídos a partir de uma visão de criança abstrata, dando a entender que os contextos em que ela participa, pouco influenciam nas aprendizagens que as crianças podem ir construindo. Nesse tipo de comunicação, pouco se descobre sobre o que as crianças realmente sabem, fazem e, muito menos, sobre o modo como aprendem.
As mini-histórias: um convite à participação das famílias
As mini-histórias [...] são um modo de compartilhar sobre as maravilhas do processo de aprendizagem dos meninos e das meninas, um convite para olhar a beleza dos acontecimentos cotidianos.
[...]
Esse tipo de exposição traz consigo a oportunidade das famílias e da comunidade escolar ter conhecimento do que acontece dentro dos muros da escola, além de criar uma importante rede vital de conexão entre os envolvidos.
Uma outra forma que temos realizado o compartilhamento das mini-histórias é expondo-as na sala de referência, na altura das crianças. [...] Assim, as crianças podem reviver momentos que aconteceram na jornada e perceber que as imagens estão contando sobre algo. Essa valorização dos registros leva a criança a compartilhar com a família, convidando-a para olhar junto.
[...] Tornar visível a jornada da criança no espaço escolar tem nos ajudado a mostrar a complexidade que há no trabalho pedagógico desenvolvido nas escolas, e de como a relação e a participação das famílias se faz importante.
Ainda em relação ao conteúdo das mini-histórias. as relações que as crianças estabelecem entre elas, delas com os adultos e com o seu entorno físico e social compõem o interesse do professor.
Comentários
Postar um comentário