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Mostrando postagens de dezembro, 2016

Cem anos de solidão - Gabriel Garcia Marquez

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[...] A carta alheia, que ninguém leu, ficou a mercê das traças na prateleira onde uma vez Fernanda esqueceu sua aliança de casamento, e lá ficou, consumindo-se no fogo interior de sua má notícia, enquanto os amantes solitários navegavam contra a corrente daqueles tempos postrimeiros, tempos impertinentes e aziagos, que se desgastavam no empenho inútil de fazê-los derivar rumo ao deserto do desencanto e do esquecimento. (p. 440) [...] e tornaram a ser felizes com a certeza de que eles continuariam se amando com suas naturezas de assombração muito depois que outras espécies de animais futuros arrebatassem dos insetos o paraíso de miséria que os insetos estavam acabando de arrebatar dos homens. (p. 440)

Precisamos falar com o Kevin (Lionel Shriver)

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Presumivelmente, sofrer de uma doença comum a ponto de ter até um nome é sinal de que não estamos sozinhos e que há uma série de opções disponíveis, desde salas de bate-papo na internet até rapsódicas dores de barriga comunitárias de apoio. (p. 106-107) [...] Nunca encontrei alívio em ser apenas como todos os demais. [...] (p. 107) [...] No particular reside tudo aquilo que é considerado de mau gosto. No conceitual reside o grandioso, o transcendente, o duradouro. [...] (p. 110) [...] De minha parte acabei reconhecendo - já que qualquer mundo, é por definição, fechado em si mesmo e, para quem vive nele, é também tudo o que existe - que a geografia é relativa. (p. 134) [...] Como repeti durante anos para Kevin (sem qualquer resultado), raramente, por si só, o alvo de nossas atenções é insípido ou arrebatador. Nada é interessante se você não estiver interessado. (p. 145) [...] Para ser justa, entre a capacidade da maioria das pessoas em evocar o belo a partir do nada ...

Canção de Suzannah - A torre negra (Stephen King)

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[...] Na verdade, qualquer um podia ser um personagem na história de algum escritor, ou um pensamento efêmero ou um cisco momentâneo no olho de Deus? Pensar naquilo era absurdo e uma certa soma de tais pensamentos poderia induzir realmente à loucura.

O amor nos tempos do cólera (Gabriel Garcia Marquez)

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[...] Pois disso é que sentia falta: botar a alma pela boca. [...] Ela o foi levando pela mão até a cama, como se fosse um pobre cego da rua, e o trinchou bocado a bocado com uma ternura maligna, pôs sal a seu gosto, pimenta de cheiro, um dente de alho, cebola picada, o suco de um limão, uma folha de louro, até que ele ficou temperado na travessa diante do forno pronto na temperatura exata. Não havia ninguém em casa. (p. 367) [...] Depois olhou Florentino Ariza, seu domínio invencível, seu amor impávido, e se assustou com a suspeita tardia de que é a vida, mais que a morte, a que não tem limites. (p. 431) [...] Mas se deixou levar por sua convicção de que os seres humanos não nascem para sempre no dia em que as mães os dão a luz, e sim que a vida os obriga outra vez e muitas vezes a se parirem a si mesmos.

Filhos do Édem - Herdeiros de Atlântida (Eduardo Spohr)

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Cada porta aberta leva a muitas outras, portanto, quanto mais aprendemos mais afastados estamos da verdade [...] (p. 283)

O país do carnaval (Jorge Amado)

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[...] Sentia sua vida parada como as águas de um lago que não tem, como os rios, um fim, o de correr até o oceano. Mas ao contrário das águas de uma lago, apesar de parada, a sua vida não era serena. (p. 122) [...] - E o que será a felicidade Rigger? Será a alegria de todo dia, a dor de toda hora? Você bem sabe que a felicidade não nos satisfaz. (p. 126) [...] É que a verdade é uma coisa muito relativa. Deve existir uma verdade particular para cada homem. Aquilo que lhe dera serenidade é para ele a suprema verdade...

Modernidade Liquida (Zigmunt Bauman)

[...] Mas o que aprendemos antes de mais nada da companhia dos outros é que o único auxílio que ela pode prestar é como sobreviver em nossa solidão irremível, e que a vida de todo mundo é cheia de riscos que devem ser enfrentados solitariamente. (´p. 49)  [...] tendemos a ver a vida dos outros como obra de arte. e tendo-as visto assim, lutamos para fazer o mesmo. (p. 106) [...] A produção de mercadorias como um todo substitui hoje "o mundo dos objetos duráveis" pelos "produtos perecíveis projetados para a obsolescência imediata". (p. 109) [...] A obediência aos padrões (uma maleável e estranhamente ajustável obediência aos padrões eminentemente flexíveis acrescento) tende a ser alcançada hoje em dia pela tentação e pela sedução e não mais pela coerção - e aparece sob o disfarce do livre-arbítrio em vez de revelar-se como força externa. (p. 110) [...] A liberdade de tratar o conjunto da vida como uma festa de compras adiadas significa conceber o mundo ...