Precisamos falar com o Kevin (Lionel Shriver)
Presumivelmente, sofrer de uma doença comum a ponto de ter até um nome é sinal de que não estamos sozinhos e que há uma série de opções disponíveis, desde salas de bate-papo na internet até rapsódicas dores de barriga comunitárias de apoio. (p. 106-107)
[...] Nunca encontrei alívio em ser apenas como todos os demais. [...] (p. 107)
[...] No particular reside tudo aquilo que é considerado de mau gosto. No conceitual reside o grandioso, o transcendente, o duradouro. [...] (p. 110)
[...] De minha parte acabei reconhecendo - já que qualquer mundo, é por definição, fechado em si mesmo e, para quem vive nele, é também tudo o que existe - que a geografia é relativa. (p. 134)
[...] Como repeti durante anos para Kevin (sem qualquer resultado), raramente, por si só, o alvo de nossas atenções é insípido ou arrebatador. Nada é interessante se você não estiver interessado. (p. 145)
[...]
Para ser justa, entre a capacidade da maioria das pessoas em evocar o belo a partir do nada e a habilidade de reconhecê-lo, pura e simplesmente, existe uma distância da largura do Oceano Atlàntico. (p. 162)
[...]
No entanto, se não existe razão para viver sem ter um filho, como poderia haver razão para viver tendo um? Responder uma vida com uma vida sucessiva é apenas transferir o ônus do propósito para a geração seguinte: esse deslocamento nada mais é que um atraso covarde e potencialmente infinito. A resposta dos seus filhos, presume-se, será procriar também, e ao fazê-lo, empurrar a própria falta de propósito para a prole seguinte.
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