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Mostrando postagens de agosto, 2020

5.4 O jogo e a criança (Jean Chateau)

  CAPÍTULO III - OS JOGOS, AS IDADES E OS CARACTERES A. - Os jogos e os caracteres Concluímos o estuda da natureza propriamente dita do jogo. Mas resta-nos compreender não o papel que justifica sua existência, sem o que a seleção natural sem dúvida teria eliminado uma espécie perdendo toda uma longa infância e atividades inúteis, mas o que podemos atribuir arbitrariamente ao jogo. Ao lado do que se poderia chamar seus fins naturais (pré-exercício, afirmação do eu ), o jogo pode de fato assumir fins artificiais. o adulto pode usá-lo a fim de conhecer e de formar a criança. (p. 96) [...] o estudo do jogo pode igualmente trazer dados de primeira ordem, mostrando por exemplo, como os interesses da criança evoluem deidade para idade e como as tendências primitivas vão se diversificando, se combinando, se complicando. (p. 96) [...] o jogo dá origens a inúmeras atividades superiores, senão a todas, arte, ciência, trabalho, etc. Ele constitui, portanto, como o vestíbulo natural dessas ativ...

5.3 O jogo e a criança (Jean Chateau)

CAPÍTULO II - A DISCIPLINA DO JOGO C. - O objeto, o adulto e o grupo Acontece muito que o objeto nos pegue de fora de tal forma que os nosso atos parecem ser comandados por ele.  [...] O melhor exemplo é a corda de pular. [...] A severidade da corda força-me a coordenar perfeitamente meus gestos, bem melhor do que faria a minha própria vontade. Toda lentidão, todo arrebatamento é logo descoberto e censurado por esse senhor sem piedade. Uma brincadeira como a da corda é uma disciplina moral excelente, por essa obrigação que tem o jogador de disciplinar todos os seus gestos. (p. 74) [...] O papel do adulto na gênese da disciplina do jogo parece, portanto, bastante reduzido: na idade mais tenra, ele habitua a criança a uma certa cooperação, e mais tarde pode ensinar-lhe algumas regras (mas são os grandes, bem mais que os adultos, que são aqui os instrutores; o adulto só intervém eventualmente. (p. 74) [...] Após os 10 anos, a criança pode assimilar mais ou menos as regr...

5.2 O jogo e a criança (Jean Chateau)

CAPÍTULO II - A DISCIPLINA DO JOGO A. - A regra e a ordem  [...] A criança não é uma tábula rasa sobre a qual podemos inscrever o que bem entendermos. Como não podemos de um loiro fazer um moreno, de um nervoso um fleugmático, jamais podemos, quaisquer que sejam nossos métodos, conseguir modelar inteiramente a criança. O pedagogo não é - e não deve querer ser - um criador, mas um jardineiro que sabe fazer crescer sementes. A educação, Rousseau via mais claro que Helvétius, continua a natureza; ela se contenta em dirigir e frear o fluxo primitivo, coloca diques para represar a atenção, barragens para fazer com que o fluxo corra por um determinado leito e não por outro. Mas se não há, a princípio, tendências em potencial, se falta o fluxo, não se pode fazer grande coisa, não se pode irrigar novas terras, nem construir usinas; o potencial do dado primitivo condiciona todo o potencial ulterior. (p. 56) [...] Mas o jogo, um pouco mais tarde, nos fornece repetições que são com...

5.1 O jogo e a criança (Jean Chateau)

CAPÍTULO 1 - O JOGO E O OUTRO A. - O apelo do mais velho É bem sabido que as crianças gostam muito de ajudar a mãe ou o pai. Por volta de 5 ou 6 anos, para uma criança normal não há alegria maior do que a de substituir por algum tempo o adulto em seu trabalho. É muito divertido ninar a boneca, mas fazer a irmãzinha dormir apresenta muitos outros atrativos. Sabe-se do orgulho do pequeno que tem o seu jardim e o cultiva como o seu pai; sabe-se que alegria pode acompanhar o brotar das primeiras folhas de feijão. (p. 34) [...]Essas considerações sobre o gosto da crianças pelas tarefas adultas nos permitirão compreender melhor uma ideia essencial: o maior sonho da criança é ser adulto. O jogo da criança, como toda a sua atividade, é comandada pela grande sombra do mais velho. (p. 35) [...]Como a maior parte dos homens, e mais ainda do que eles, a criança tem necessidade de modelos concretos. Para ela, o seu desconhecido deve ceder lugar aos heróis e aos santos bem próximos dela...

5. O jogo e a criança (Jean Chateau)

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INTRODUÇÃO [...] Uma criança que não sabe brincar, uma miniatura de velho, será um adulto que não saberá pensar.  A infância é, portanto a aprendizagem necessária à idade adulta. Estudar na infância somente o crescimento, o desenvolvimento das funções, sem considerar o brinquedo, seria negligenciar esse impulso irresistível pela qual a criança modela sua própria estátua. Não se pode dizer de uma criança "que ela cresce" apenas, seria preciso dizer "que ela se torna grande" pelo jogo. Pelo jogo ela desenvolve as possibilidades que emergem da sua estrutura particular, concretiza as potencialidades virtuais que afloram sucessivamente à superfície de seu ser, assimila-se e as desenvolve, une-as e as combina, coordena seu ser e lhe dá vigor. (p. 14) [...] "Com efeito, quanto mais longa a infância, maior o período de plasticidade durante o qual o animal brinca, joga, imita, experimenta, isto é, multiplica suas possibilidades de ação e enriquece com o fruto...