6. Documentação Pedagógica (Sueli A. Mello, Maria Carmem S. Barbosa, Ana Lúcia G. de Faria)


DOCUMENTAÇÃO PEDAGÓGICA - Outro modo de escutar as crianças e a prática pedagógica refletindo sobre a formação continuada de professores e professoras. 
Ana Lúcia Goulart de Faria 
Suely Amaral Mello Maria 
Carmem Silveira Barbosa

    Após a segunda grande guerra, no momento de reconstrução da sociedade italiana, um grupo de pessoas interessadas na formação das novas gerações, perguntava-se sobre como seria a escola capaz de formar as crianças e os jovens para garantir que Auchwitz não se repetisse. Para eles, não bastava apenas as crianças frequentarem uma escola, era preciso, seguindo/ em consonância com as palavras de Theodor Adorno, uma escola comprometida com a infância e a constituição de uma educação que não admitisse a repetição do terror e da barbárie.
    Foi na busca da resposta para este desafio que  Loris Malaguzzi e seus colaboradores constituíram um tipo de escola e de gestão educacional que hoje é denominado abordagem Régio Emília: uma experiência e educação de crianças a ser vivida na escola com adultos envolvidos em oferecer uma instituição com gestão participativa e que se assume responsável pela proposta educativa juntamente com as famílias, no contexto de uma vida comunitária. (p. 7-8)
[...]
    Em sua carreira como professor e gestor, Loris Malaguzzi criou muitas estratégias políticas e pedagógicas; uma delas tem sido imprescindível para o sucesso de sua abordagem. Ela se chama Documentação Pedagógica [...] que, pouco a pouco, foi expandido suas três funções. (p. 9)

    A primeira é a sua função política, de criar um diálogo entre a escola e seus professores e as famílias e a comunidade. [...] Assim a documentação pedagógica com suas diferentes estratégias metodológicas [...] foi apresentando para a comunidade seus afazeres, suas propostas, seu dia a dia, e com isso conquistou a adesão da população que compreendeu seu valor como espaço educativo público para crianças inclusive os bebês. (p. 9-10)

    A segunda função diz respeito ao modo como a Documentação Pedagógica apoia e sistematiza o acompanhamento da vida das crianças na escola, suas produções , imagens de suas ações e interações, palavras ditas em contextos de interações sociais e/ou de investigações científicas ou em textos ditados para o professor, criando memórias da vida individual de cada criança e também da vida do grupo. [...] (p. 9)

    Por fim, a terceira função, é a de constituir material pedagógico para a reflexão sobre o processo educativo.

[...]Requer uma decisão coletiva: não é possível documentar sozinho, porque sobre o documentado é necessário um diálogo, é necessário que o outro ou a outra possam compreender, é necessário estar disposto a despir-se e a aceitar a crítica. (p. 16)
[...] Um trabalho feito com uma pedagogia rigorosa, criativa e comprometida, e, portanto, muito exigente com o trabalho dos professores e das professoras, para mostrar ao mundo a imagem de uma infância potente desde o seu nascimento e capaz de expressar-se por múltiplas linguagens. (p. 17)

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