6.6 Documentação Pedagógica (Sueli A. Mello, Maria Carmem S. Barbosa, Ana Lúcia G. de Faria)

A DOCUMENTAÇÃO COMO UMA FERRAMENTA PARA DAR VALOR AO RELACIONAMENTO ENTRE AS CRIANÇAS NAS EXPERIÊNCIAS COTIDIANAS COMPARTILHADAS NA ESCOLA DA INFÂNCIA
Gloria Tognetti

[...]
    Àqueles que se ocupam da educação das crianças se exige flexibilidade e disponibilidade para mudança. Os modelos impermeáveis às contínuas mudanças, que as próprias crianças muitas vezes propõem, servem em geral, apenas aos adultos, que escolhem situações confortáveis onde se confirma um conhecimento e uma maneira de agir habitual e confortável, mas que não é capaz realmente de acolher o ponto de vista das crianças e sua contribuição construtiva para os processos de desenvolvimento. (p. 114)

O ponto de vista das crianças
    Para aceitar a contribuição original do pensamento das crianças é preciso ter uma grande confiança nas potencialidades das crianças e saber representá-la entre os educadores, as próprias crianças, os pais... (p.115)

O contexto
    Sabemos que não é suficiente proporcionar às crianças um espaço para estar, para que esta situação possa ser considerada como orientada a incentivar relações significativas, o educador - ou o grupo de educadores - deve elaborar e compartilhar escolhas que traduzam concretamente ideias e/ ou expectativas sobre o que pode acontecer em cada situação. (p. 116)

Sustentar relações
    As pesquisas em psicologia nos dizem que os adultos, em geral, tendem a subestimar  a habilidades das crianças em idade pré-escolar, mas a relação diária com elas deve ser capaz de levar o educador para além dos estereótipos e dos preconceitos relacionados à idade nas expectativas sobre os comportamentos das crianças e nas atitudes educativas que devem ser assumidas. (p. 118)
[...]   
 Qual é a finalidade da ação educativa? Certamente não treinamento relativo ao desempenho considerado adequado em relação à idade da criança através do ensino, mas sim a gama de possíveis percursos de conhecimento dentre dos quais o professor "detém" os processos de exploração, de busca de sentido, de compreensão e de conexão criativa que as crianças experimentam ativamente e, muitas vezes, compartilham em pares e em pequenos grupos. (p. 120)
[...]
    Compartilhar as experiências com crianças sem obscurecer as tramas de relações que ganham vida e as potencialidades que daí derivam é uma arte e é um a arte encontrar as palavras para descrevê-las sem trair o seu valor. (p. 123)
[...]
    O objetivo da observação e da documentação é, portanto, registrar e construir a memória para compartilhar, primeiro com as famílias, o protagonismo das crianças nas relações e, através delas, os processos originais de desenvolvimento de suas possibilidades. (p. 123)

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