4.1 Inteligência Emocional - A teoria revolucionária que redefine o que é ser inteligente - Daniel Goleman, Ph.D.
Parte Um - O cérebro emocional
2 - Anatomia de m sequestro emocional
O local das paixões
Nos seres humanos, a amígdala cortical (do grego, significando "amêndoa") é um feixe, em forma de amêndoa, de estruturas interligadas, situado acima do tronco cerebral, peto da parte inferior do anel límbico. Há duas amígdalas , uma de cada lado do cérebro, instaladas mais para a lateral da cabeça. A amígdala humana é relativamente grande, em comparação com a de qualquer dos nossos primos evolucionários mais próximos, os primatas. (p. 40)
A sentinela emocional
Outra pesquisa demonstrou que, nos primeiros milésimos de segundo em que temos a percepção de alguma coisa, não apenas compreendemos inconscientemente o que é, mas decidimos se gostamos ou não dela; o "inconsciente cognitivo" apresenta à nossa consciência não apenas a identidade do que vemos, mas uma opinião sobre o que vemos. Nossas emoções têm uma mente própria, que pode ter opiniões bastante diversas das que tem a nossa mente racional. (p. 45)
A especialista em memória emocional
Esse estímulo da amígdala parece gravar na memória a maioria dos momentos mais intensos de estímulo emocional - por isso é muito provável, por exemplo, que lembremos do lugar onde ocorreu nosso primeiro encontro amoroso, ou o que fazíamos quando ouvimos a notícia de que o ônibus espacial Challenger explodira. Quanto mais intenso o estímulo da amígdala, mais forte o registro.; as experiências que mais nos apavoram ou emocionam na vida estão entre nossas lembranças indeléveis. Isso significa, na verdade, que o cérebro tem dois sistemas de memória, um para os fatos comuns e outro para aqueles que são carregados de emoção. É claro que um sistema especial de memorização se justifica no contexto da evolução, na medida em que assegurou que os animais tivessem lembranças particularmente vívidas do que os ameaçava ou agradava. Mas memórias emocionais podem ser péssimos guias na nossa atualidade. (p. 46)
Alarmes neurais anacrônicos
LeDoux recorre ao papel da amígdala na infância para confirmar o que há muito tempo é doutrina básica no pensamento psicanalítico: que as interações ocorridas nos primeiros anos de vida estabelecem um conjunto de lições elementares, baseadas na sintonia e perturbações dos contatos entre as crianças e os que cuidam dela. Essas lições emocionais são tão poderosas e, no entanto, tão difíceis de entender do privilegiado ponto de vista da vida adulta, porque, acredita leDoux, estão armazenadas na amígdala como planos brutos, sem palavras, para a vida emocional. Como essa primeiras lembranças emocionais se estabelecem numa época anterior àquela em que as crianças podem verbalizar sua experiência, quando essas lembranças são disparadas na vida posterior não há um conjunto adequado de pensamentos articulados sobre a resposta que se apodera de nós. Um dos motivos pelos quais ficamos tão aturdidos com nossas explosões emocionais, portanto, é que elas muitas vezes remontam a um tempo inicial em nossas vidas, quando tudo era desconcertante e ainda não tínhamos palavras para compreender os fatos. Temos os sentimentos caóticos, mas não as palavras para as lembranças que os formaram. (p. 47)
Harmonizando emoção e pensamento
Consideremos o poder que têm as emoções em perturbar o próprio pensamento. Os neurocientistas usam o termo "memória funcional" para a capacidade de atenção que guarda na mente os fatos essenciais para concluir uma determinada tarefa ou problema, sejam os aspectos ideais que buscamos numa casa quando examinamos vários prospectos, sejam os elementos de um problema de raciocínio num teste. O córtex pré-frontal é a região do cérebro responsável pela memória funcional. Mas os circuitos que vão do cérebro límbico aos lobos pré-frontais indicam que os sinais de forte emoção - ansiedade, raiva e afins - podem criar etática neural, sabotando a capacidade do lobo pré-frontal de manter a memória funcional. É por isso que, quando estamos emocionalmente perturbados, dizemos: "Simplesmente não consigo raciocinar" - e porque a contínua perturbação emocional cria deficiências nas aptidões intelectuais da criança, mutilando a capacidade de aprender. (p. 52)
[...] Num determinado estudo, por exemplo, descobriu-se que meninos da escola primária com QI
acima da média, mas com fraco desempenho escolar, tinham uma deficiência no funcionamento do córtex frontal. Também eram impulsivos e ansiosos, muitas vezes desordeiros e chegados a meter-se em apuros - o que sugere um falho controle pré-frontal sobre os impulsos límbicos. Apesar de seu potencial intelectual, essas crianças são as mais propensas e terem problemas na escola, ao alcoolismo e à criminalidade - não por deficiência intelectual, mas porque o controle que têm sobre sua vida emocional é deficiente. (p. 52)
[...]
Indicações como essa levam o Dr. Damasio à posição anti-intuitiva de que os sentimentos são geralmente indispensáveis nas decisões racionais; põem-nos na direção certa, onde a lógica fria pode então ser de melhor uso. Enquanto o mundo muitas vezes nos põe (Onde aplicar o dinheiro? Com quem casar?), o aprendizado emocional que a vida nos deu (como a lembrança de um desastroso investimento ou uma separação dolorosa) nos envia sinais que facilitam a decisão, eliminando, de pronto, algumas opções e privilegiando outras. Eis por quê, diz o Dr. Damasio, o cérebro emocional está tão envolvido no raciocínio quanto o cérebro pensante. (p. 53)
[...]
Num certo sentido, temos dois cérebros, duas mentes - e dois tipos diferentes de inteligência: racional e emocional. Nosso desempenho na vida é determinado pelas duas - não é apenas o QI, mas a inteligência emocional também conta. Na verdade, o intelecto não pode dar o melhor de si sem a inteligência emocional. (p. 53)
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