4.3 Inteligência Emocional - A teoria revolucionária que redefine o que é ser inteligente - Daniel Goleman, Ph.D.
Parte Dois - A natureza da inteligência emocional
4 - Conhece-te a ti mesmo
[...] A recomendação de Sócrates - "Conhece-te a ti mesmo" - é a pedra de toque da inteligência emocional: a consciência de nossos sentimentos no momento exato em que eles ocorrem. [...] Eu prefiro o termo autoconsciência, no sentido de permanente atenção ao que estamos sentindo internamente. (p. 70)
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Autoconsciência, em suma, significa estar "consciente ao mesmo tempo de nosso estado de espírito e de nossos pensamentos sobre esse estado de espírito", nas palavras de John Mayer, [...] é um dos coformuladores da teoria da inteligência emocional. A autoconsciência pode ser uma atenção não reativa e não julgadora de estados anteriores. Mas Mayer acha que essa sensibilidade também pode ser menos equânime; os pensamentos que, em geral, revelam a autoconsciência, incluem "Não devo me sentir assim", "Vou pensar em coisas boas para me animar" e, numa autoconsciência mais restrita, o pensamento passageiro "Não pense nisso", em relação a alguma coisa muitíssimo perturbadora. (p. 71)
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Mayer constata que as pessoas tendem a adotar estilos típicos para acompanhar e lidar com as suas emoções.
* Autoconscientes: Conscientes do seu estado de espírito no momento em que ele ocorre, essa pessoas, evidentemente, são sofisticadas no que diz respeito à sua vida emocional. A clareza com que sentem suas emoções pode reforçar outros traços de suas personalidades: são autônomas e conscientes de seus próprios limites, gozam de boa saúde psicológica e tendem a ter uma perspectiva positiva sobre a vida. Quando entram num estado de espírito negativo, não ficam ruminando nem ficam obcecadas com isso e podem sair dela mais rápido. Em suma, a vigilância as ajuda a administrar suas emoções.
*Mergulhadas: São pessoas imersas em suas emoções, incapazes de fugir delas, como se aquele humor houvesse assumido o controle de suas vidas.
*Resignadas: Embora essas pessoas muitas vezes vejam com clareza o que estão fazendo, também tendem a aceitar seus estados de espírito e, portanto, não tentam mudá-los. Parece haver dois ramos do tipo resignado: pessoas que estão geralmente de bom humos e por isso pouca motivação têm para mudá-los, e as que, apesar de verem com clareza seus estados emocionais, são susceptíveis aos maus estados de espírito e os aceitam com um "deixa rolar", nada fazendo para mudá-los, apesar da aflição que sentem - um padrão encontrado, por exemplo, em pessoas deprimidas que se resignam ao seu desespero. (p. 72)
Os apaixonados e os indiferentes
Diener constata que as mulheres, em geral, mais do que os homens, sentem com mais intensidade as emoções positivas e negativas. E, diferenças de sexo à parte, a vida emocional é mais rica para os que observam mais. Entre outras coisas, essa maior sensibilidade emocional significa que, para tais pessoas, a menor provocação desencadeia vendavais emocionais, paradisíacos ou infernais, enquanto as do outro extremo mal experimental qualquer sensação, mesmo nas circunstâncias mais angustiantes. (p. 73 - 74)
Em louvor da intuição
Entre outras coisas, o que podemos concluir dessa incapacidade de tomar decisão é o importante papel que o sentimento desempenha na navegação pela interminável corrente das decisões pessoais da vida. Embora sentimentos fortes possam causar devastações no raciocínio, a falta de consciência do sentimento também pode ser destrutiva, sobretudo, no avaliar decisões das quais depende, em grande parte, o nosso destino: que carreira seguir, se ficar num emprego seguro ou arriscar-se em outro mais atraente, com quem namorar ou casar, onde viver, que apartamento alugar ou que casa comprar - sempre e sempre, pela vida afora. Essas decisões não podem ser bem tomadas apensa através do uso da razão; exige intuição e a sabedoria emocional que acumulamos de experiências passadas. A lógica formal, por si só, jamais pode servir de base para decidir com quem se casar ou em quem confiar, ou mesmo que emprego pegar; são domínios onde a razão, sem o sentimento, fica cega. (p. 77)
Avaliando o inconsciente
Pela lógica da neurociência, se a ausência de um circuito neural conduz a um déficit numa aptidão, então a força ou fraqueza relativas desse mesmo circuito nas pessoas de cérebro intacto deve conduzir a níveis comparáveis de competência nessa mesma aptidão. Em termos do papel dos circuitos pré-frontais na sintonização emocional, isso sugere que por razões neurológicas alguns de nós podemos mais facilmente detectar a sensação de medo ou prazer que outros, e assim sermos mais conscientes de nossas emoções. (p. 77-78)
[...] A autoconsciência é fundamental para a intuição psicológica: esta é a faculdade que a psicoterapia privilegia, com vista a seu fortalecimento. Na verdade, o modelo de inteligência intrapsíquica de Howard Gardner está em Sigmund Freud, o grande mapeador da dinâmica secreta da psique. Como Freud colocou, grande parte da vida emocional é inconsciente; os sentimentos que se agitam dentro de nós nem sempre cruzam o limiar da consciência. A verificação empírica desse axioma psicológico vem, por exemplo, de experiência com emoções inconscientes, como a notável descoberta de que as pessoas tomam gosto definitivo por coisas que nem têm consciência de terem visto antes. Qualquer emoção pode ser - e muitas vezes é- inconscientes. (p. 78)
[...] há dois níveis de emoção: consciente e inconsciente. O momento em que a emoção passa para a
consciência assinala seu registro como tal no córtex frontal. (p. 78)
[...] a autoconsciência emocional é a base deste aspecto da inteligência emocional: ser capaz de afastar um estado de espírito negativo.
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