4.2 Inteligência Emocional - A teoria revolucionária que redefine o que é ser inteligente - Daniel Goleman, Ph.D.

PARTE DOIS - A NATUREZA DA INTELIGÊNCIA EMOCIONAL

3 - Quanto o inteligente é idiota

 Inteligência emocional e destino
[...] a inteligência acadêmica não oferece praticamente nenhum preparo para o torvelinho - ou para a oportunidade - que ocorre na vida. Apesar de um alto QI não ser  nenhuma garantia de prosperidade, prestígio ou felicidade na vida, nossas escolas e nossa cultura privilegiam a aptidão no nível acadêmico, ignorando a inteligência emocional, um conjunto de traços - alguns chamariam de caráter - que também exerce um papel importante em nosso destino pessoal. A vida emocional é um campo com a qual se pode lidar, certamente como matemática ou leitura, com maior e menos habilidade e exige seu conjunto especial de aptidões. E a medida dessas aptidões numa pessoa e decisiva para compreender por que uma prospera na vida, enquanto outra, de igual nível intelectual, entra num beco sem saída: a aptidão emocional é uma metacapacidade que determina até onde podemos usar bem quaisquer outras aptidões que tenhamos, incluindo o intelecto bruto. (p. 60)
[...]
Há muitos indícios que atestam que as pessoas emocionalmente competentes - que conhecem e lidam bem com os próprios sentimentos, entendem e levam em consideração os sentimentos do outro - levam vantagem em qualquer setor da vida, seja nas relações amorosas e íntimas, seja assimilando as regras tácitas que governam o sucesso na política organizacional. As pessoas com prática emocional bem desenvolvida têm mais probabilidade de se sentirem satisfeitas e de serem eficientes em suas vidas, dominando os hábitos mentais que fomentam sua produtividade;  as que não conseguem exercer nenhum controle sobre sua vida emocional travam batalhas internas que sabotam a capacidade de concentração no trabalho e de lucidez de pensamento. (p. 60)


Um tipo diferente de inteligência
[...] O Projeto Spectrum parte do princípio de que o repertório humano de aptidões vai muito além da estreita faixa de aptidões de palavras e números enfocados por escolas tradicionais. Reconhece que aptidões como a percepção social [...] são talentos que um sistema educativo deve alimentar e não ignorar ou mesmo frustrar. encorajando crianças a desenvolverem uma série completa de aptidões a que, na verdade, recorrerão para o sucesso, ou usarão apenas para se realizar no que fazem, a escola passa a conferir educação em aptidões para a vida. (p. 61)
[...]
- Chegou a hora [...] e ampliar nossa noção sobre o espectro de talentos. A maior contribuição que a educação pode dar ao desenvolvimento de uma criança é ajudá-la a escolher uma profissão onde possa melhor utilizar os seus talentos, onde ela será feliz e competente. Perdemos isso inteiramente de vista. Em vez disso, sujeitamos todos a uma educação em que, se você for bem-sucedido, estará mais bem capacitado para ser professor universitário. E avaliamos todos, ao longo do percurso, conforme satisfaçam ou não esse estreito padrão de sucesso. Devíamos gastar menos tempo avaliando as crianças e mais tempo ajudando-as a identificar suas aptidões e dons naturais, e acultivá-los. Há centenas e centenas de maneiras de ser bem-sucedido e muitas, muitas aptidões diferentes que as ajudarão a chegar lá. (p. 61)

O influente livro de Gardner, Frames os Mind (Estados de Espírito), de 1983, foi um manifesto de contestação à visão do QI. ali, o autor coloca é que não há um tipo específico, monolítico, de inteligência decisivo para o sucesso na vida, mas sim um amplo espectro de inteligências, com sete variedades principais.  Em sua lista entram os dois tipos-padrão de inteligências acadêmica, a fluência verbal e o raciocínio lógico-matemático, mas ele vai mais além para incluir a aptidão espacial que se vê, digamos, num destacado pintor ou arquiteto; o gênio cinestésico exibidos na fluidez e graças físicas de uma Martha Graham ou de um Magic Johnson; e os dons musicais de um Mozart ou de um YoYo Ma. Arrematando a lista, há duas faces do que Gardner chama de "inteligências pessoais"; aptidões interpessoais como as de um grande terapeuta com Carl Rogers ou de um líder de nível mundial como Martin Luther King, Jr., e a aptidão "intrapsíquica", que pode surgir de um lado, nas brilhantes sacações de Sigmund Freud, ou, com menos alarde, na satisfação interior que vem de estarmos sintonizados com a vida e com os nossos verdadeiros sentimentos. (p. 62)

Inteligência interpessoal é a capacidade de compreender outras pessoas: o que as motiva, como trabalham, como trabalhar cooperativamente com elas. As pessoas que trabalham em vendas, políticos, professores, clínicos e líderes religiosos bem-sucedidos provavelmente são todos indivíduos com alto grau de inteligência intrapessoal (...) é uma aptidão correlata, voltada para dentro. É uma capacidade de formar um modelo preciso, verídico, de si mesmo e poder usá-lo para agir eficazmente na vida. (p. 63)


"Jornada nas Estrelas": A cognição não basta
As teorias de Gardner contém uma dimensão da inteligência pessoal que é amplamente mencionada, mas pouco explorada: o papel das emoções. Talvez isso ocorra porque, como ele próprio diz, seu trabalho é fortemente calcado num modelo mental que se apoia em ciência cognitiva. Por isto, sua visão acerca dessas inteligências enfatiza a percepção - a compreensão de si e dos outros na motivações, nos hábitos de trabalho e no uso dessa intuição na própria vida e na relação com os outros. (p. 63- 64)


Existe vida inteligente nas emoções?
Salovey, com seu colega John Mayer, propôs uma definição elaborada de inteligência emocional, expandindo essas aptidões em cinco domínios principais:
1. conhecer as próprias emoções: 
Autoconsciência - reconhecer um sentimento quando ele ocorre - é a pedra de toque da inteligência emocional. [...] a capacidade de controlar sentimentos a cada momento é fundamental para o discernimento emocional e para a autocompreensão. A incapacidade de observar nossos verdadeiros sentimentos nos deixa à mercê deles. As pessoas mais seguras acerca de seus próprios sentimentos são melhores pilotos de suas vidas, tendo uma consciência maior de como se sentem em relação a decisões pessoais, desde com quem se casar a que emprego aceitar.
2. Lidar com emoções
3. Motivar-se:
[...] pôr as emoções a serviço de uma meta é essencial para centrar a atenção, para a automotivação e o controle, e para a criatividade. o autocontrole emocional - saber adiar a satisfação e conter a impulsividade - está por trás de qualquer tipo de realização.
4. Reconhecer emoções nos outros:
A empatia, outra capacidade que se desenvolve na autoconsciência emocional, é a "aptidão pessoal" fundamental.
5. Lidar com relacionamentos:
A arte de se relacionar é, em grande parte, a aptidão de lidar com as emoções dos outros.

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