2. Walden (H. D. Thoreau)
ECONOMIA
[...] A opinião pública é um fraco tirano comparada à nossa opinião sobre nós mesmos. O que um homem pensa de si, é isso o que determina ou, melhor, indica seu destino. [...] (p. 21)
[...] Mas uma característica da sabedoria é não fazer coisas desesperadas.
[...] Nunca é tarde demais para abandonar nossos preconceitos. Não se pode confiar às cegas em nenhuma maneira de pensar ou agir, por mais antiga que seja. [...]
[...] A idade não é melhor, e sequer tão boa mestra quanto a juventude, pois mais perdeu do que ganhou. Até duvido que o mais sábio dos homens tenha realmente aprendido algo de valor absoluto na vida. Na prática, os velhos não tem nenhum conselho muito importante para dar aos jovens; a experiência deles foi tão parcial e suas vidas forma, por razões particulares, fracassos tão miseráveis quanto eles mesmos devem saber; mas pode ser que lhes tenha restado alguma fé que desminta essa experiência, e agora seriam apenas não tão jovens quanto antes. [...]
(p. 22)
[...]
Um agricultor me diz: "você não pode viver só de vegetais, pois eles não fornecem nada para os ossos"; e assim ele dedica religiosamente uma parte do dia para suprir seu sistema com a matéria-prima de ossos; e, enquanto fala, vai andando atrás de seus bois que, com ossos feitos de vegetais, vão avançando e puxando aos trancos o homem e o peso do arado, passando por cima de qualquer obstáculo. Algumas coisas são realmente necessidades vitais em alguns círculos, os mais doentes e desamparados; em outros, elas não passam de meros luxos; em outros ainda, elas são totalmente desconhecidas.
[...] Mas as capacidades do homem jamais foram medidas; e tampouco devemos julgar do que ele é capaz tomando como base qualquer precedente, pois o que se tentou até hoje é muito pouco. [...]
(p. 23)
[...] Quem saberá dizer qual é a perspectiva que a vida oferece a outrem? Pode existir milagre maior do que nos perpassarmos com o olhar por um instante? Em uma hora viveríamos em todas as eras do mundo - em todos os mundos das eras. História, Poesia, Mitologia! - não sei de nenhuma leitura da experiência alheia mais surpreendente e intuitiva do que esta.
[...] Tão cabalmente e tão sinceramente somo compelidos a viver, reverenciando nossa vida e negando a possibilidade de mudança. [...] Toda mudança é um milagre a contemplar; mas esse milagre está ocorrendo a cada instante. (p. 24)
Pela expressão coisa necessária à vida entendo aquilo que, entre tudo que o homem obtém com seu esforço, desde o começo foi, ou pelo prolongado uso se tornou, tão importante para a vida humana que nunca ou raramente alguém chega, seja por selvageria, pobreza ou filosofia, a tentar viver sem ela. neste sentido, para muitas criaturas só existe uma coisa necessária à vida, o Alimento.
(p. 25)
[...] O pobre costuma reclamar que o mundo é frio; e é ao frio, físico e social, que atribuímos diretamente uma grande parte de nossos males. [...]
(p. 26-27)
[...] tenho certeza de que os homens geralmente se preocupam mais em ter roupas elegantes, ou pelo menos asseadas e sem remendos, do que em ter um a consciência limpa. [...]
[...] Uma questão interessante é até que ponto os homens conservariam sua posição social se tirassem suas roupas. Num caso desses, vocês saberiam dizer com toda certeza quem, num grupo de homens civilizados, pertence à classe mais respeitada? [...] Mesmo em nossas cidades democráticas da Nova Inglaterra, a posse circunstancial de riquezas e sua manifestação exclusiva sob a forma de roupas e equipagens conquistam para o possuidor um respeito quase universal. [...]
(p. 34)
[...] E digo: cuidado com todas as atividades que requerem roupas novas, em vez de um novo usuário de roupas. Se um homem não é um novo homem, como as roupas novas vão lhe servir? [...] Nossa estação de muda, como as das aves, deve ser um momento de crise em nossa vida.
(p. 35)
[...] Toda geração ri das modas antigas, mas segue religiosamente as novas. [...] (p. 37)
[...] mas acho que não é exagero dizer que, se as aves do ar têm seus ninhos, as raposas suas tocas e os selvagens suas tendas, na sociedade civilizada moderna só metade das famílias possui um abrigo. [...] (p. 41)
[...] e o custo de uma coisa é a quantidade do que chamamos de vida que é preciso dar em troca, à vista ou a prazo. (p. 42)
[...] O luxo de uma classe é contrabalançado pela indigência de outra. [...] É um erro supor que, num país onde existem habituais mostras de civilização, a condição de uma enorme parcela dos habitantes não possa ser tão degradada quanto a dos selvagens. [...] (p. 45)
[...] Por que nosso mobiliário não pode ser tão simples quando o dos árabes ou dos índios? [...] (p. 46)
É o luxuoso e dissipado que cria modas que o rebanho segue com tanto empenho. [...] Prefiro andar na terra num carro de bois com ar circulando livremente do que ir para o céu num vagão luxuoso de um trem de excursão e ficar respirando malaria a viagem toda. (p. 47)
[...] Não deveria ser pela arquitetura, e sim, por que não?, pelo poder do pensamento abstrato, que as nações deveriam celebrara si mesmas. [...] A maior parte das pedras de uma nação se destina apenas à sua tumba. Ela se enterra viva. [...] (p. 65)
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