4.10 Inteligência Emocional - A teoria revolucionária que redefine o que é ser inteligente - Daniel Goleman, Ph.D.

11 - A emoção na clínica médica
[...] a prática médica não está se dando conta de vários indícios que demonstram, muitas vezes, que a condição emocional das pessoas desempenha um papel muito importante na vulnerabilidade à doença e no processo de cura. De um modo geral, amoderna assistência médica não recorre à inteligência emocional. (p. 183-194)
[...]
É claro que há enfermeiros e médicos que demonstram solidariedade, que aproveitam a oportunidade para não só dar ao paciente a assistência clínica, mas para também prestar as informações necessárias ao seu bem-estar emocional. Mas a tendência geral é para um universo profissional em que imperativos institucionais impedem que a vulnerabilidade do paciente seja considerada, e também a equipe médica se sente de tal forma premida que descarta esse tipo de questão. (p. 184)
[...] 
Historicamente, a moderna medicina tem assumido como missão a cura dos sintomas da doença - a desordem clínica -, ignorando o doente, ou seja, aquele que convive com a doença. os pacientes ao aceitarem esse tipo de tratamento que lhes é dado, o estão avalisando porque, ou não tomam consciência de suas emoções ou, se tomam, consideram-na irrelevante para o curso da doença. E esse comportamento é reforçado por um modelo médico que afasta inteiramente a hipótese de que a mente influencia o corpo de forma considerável. (p. 184)


A mente do corpo, como as emoções afetam a saúde
O sistema imunológico é o "cérebro do corpo", como diz o cientista Francisco Varela, da Escola Politécnica de |Paris, ao definir como o corpo percebe a si mesmo - o que faz parte dele e o que não faz. As células imunológicas circulam na corrente sanguínea, entrando em contato com praticamente todas as outras células. Aquelas que elas reconhecem, deixam em paz; as que não conseguem reconhecer, atacam. O ataque ou nos defendem de vírus, bactérias e câncer, ou, se as células imunológicas não reconhecem células que são próprias do corpo, instala-se uma doença autoimune, como a alergia ou o lúpus. Ate o da em que Ader fez essa casual descoberta, qualquer anatomista, médico ou biólogo, acreditava que o cérebro (bem como suas extensões por todo o corpo, via sistema nervoso central) e o sistema imunológico central eram entidades distintas, nenhuma capas de influenciar no funcionamento da outra. Não havia rotas ligando os centros no cérebro que monitoravam o gosto que os ratos sentiam com as áreas da medula óssea que fabricam as células T. Era dessa forma que se pensava há um século. (p. 185)


Emoções tóxicas: dados clínicos
Uma análise mais atenta dos dados relativos a determinados tipos de emoção, sobretudo as três grandes - raiva, ansiedade e depressão -, esclarece mais algumas formas específicas em que os sentimentos têm significado clínico, mesmo que os mecanismos biológicos pelos quais essas emoções exercem seus efeitos ainda não estejam plenamente entendidos. (p. 188)


Quando a raiva é suicida
Os pesquisadores de Yale observam que talvez não seja apenas a raiva que aumenta o risco de morte por doenças cardíacas, mas sim sentimentos negativos muito intensos, de qualquer espécie, que enviam regularmente ondas de hormônio do estresse por todo o corpo. Mas, no todo, as mais fortes correlações científicas entre emoções e doença cardíaca apontam para a raiva [...] (p. 189)


Tensão: ansiedade fora de propósito e fora de lugar
O que a ansiedade acarreta não é apenas a redução de resposta imunológica; outras pesquisas mostram efeitos diversos no sistema cardio vascular. Enquanto o sentimento de rancos crônico e a raiva episódica parece pôr os homens sob um grande risco de contração de doença cardíaca, as emoções mais letais em mulheres são a ansiedade e o medo. |Numa pesquisa feita na Faculdade de Medicina de Stanford com mais de mil homens e mulheres que haviam sofrido um ataque cardíaco, as mulheres que sofreram um segundo ataque se caracterizavam por uma grande tendência a sentir medo e ansiedade. (p. 192)


O peso clínico da depressão
[...] Mas afora o câncer, alguns estudos sugerem que a depressão exerce influência em muitos outros males encontrados na clínica médica, sobretudo no agravamento de uma doença,  depois de iniciada. É cada vez maior o número de indícios que demonstram que, para pacientes com doenças sérias e deprimidos, será útil, em termos clínicos, tratar também da depressão. (p. 194)


Com um pouco de ajuda de meus amigos: o valor clínico das relações afetivas
Há uma grande diferença entre solidão e isolamento; muitas pessoas que vivem sozinhas ou que têm poucos contatos com amigos vivem satisfeitas e saudáveis. É a sensação subjetiva de estar isolado das pessoas, e de não ter com quem contar, que se constitui em risco para a saúde. (p. 197)

[...] John Cacciopo, psicólogo da Universidade do Estado de Ohio, que fez essa pesquisa, me disse:
- São os relacionamentos mais importantes a vida da gente, as pessoas com quem a gente mantém contato cotidiano, que são importantes para nossa saúde. E quanto mais significativo for o relacionamento, mais ele é importante para a preservação da nossa saúde. (p. 198)


Por uma medicina que se envolva
[...]
1. Ajudar as pessoas a lidar melhor com sentimentos incômodos como a raiva, ansiedade, depressão, pessimismo e sensação de solidão é uma forma de prevenir doenças.
2. Muitos pacientes podem auferir imensos benefícios quando a assistência clínica é acompanhada de assistência psicológica.

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